Um Olhar para Meninas com Deficiência
- Andreia Freitas Costa
- 26 de fev.
- 3 min de leitura

Falar em educação sexual não refere-se a ensinar o que fazer durante uma relação sexual, ou quais medidas dever ser tomadas alguns momentos antes ou pós esta experiência, como muitas pessoas consideram. Esta etapa do processo faz sentido somente em uma determinada idade, conforme a evolução da líbido de cada indivíduo.
A educação sexual trata-se de desenvolver a sexualidade de maneira saudável, ou seja, com ela é possível compreender sobre a diferença de consentimento e cessão, sobre seu próprio corpo, aperfeiçoando sua autopercepção corporal, ainda é possível, melhorar sua conexões nas relação interpessoal e intrapessoal, entre outros aspectos que são trabalhados com estes ensinamentos.
Porém assim como muitos outros assuntos, a sexualidade é um tabu, ainda mais quando falamos de mulheres e meninas. Já que somos ensinadas desde crianças que comentar sobre o assunto nos torna vulgares, quantas de nós, ainda na infância, não ouvimos frases como: "Você precisa se dar o respeito", ou "fecha as pernas, menina"?
Sendo assim quando falamos de educação sexual para meninas com deficiência, o tabu fica maior ainda, pois uni falar de sexualidade com mulherers e pessoas com deficiência no geral, que gerealmente são consideradas como assexuais (sem desejo), não havendo necessidade de ensinar sobre sexualidade e direitos reprodutivos para essas pessoas.
Entretanto, diversos estudos comprovam que meninas com deficiência apresentam uma vulnerabilidade significativamente maior à violência sexual em comparação com meninas sem deficiência, com uma probabilidade 2 ou 3 vezes maior de sofre abuso. Se consideramos a interseccionalidade de etinia, classe, entre outras, esta chance pode aumentar ainda mais.
Para demonstra e como os dados não mentem jamais, de acordo com a Atlas da Violência 2024, 57% das mulheres com deficiência já sofreram alguma violência sexual. Isso revela claramente a alta vulnerabilidade desse grupo, sendo uma das principais razões a desinformação, que a educação sexual poderia prevenir.
Além disso, em 2022, o IBGE apontou que 19,5% das pessoas com deficiência eram analfabetas, enquanto a taxa entre as pessoas sem deficiência era de 4,1%. E apenas 25,6% das pessoas com deficiência haviam concluído o ensino médio, comparado a 57,3% entre as pessoas sem deficiência.
Com esses dados, é possível perceber que, no Brasil, pessoas com deficiência têm menos acesso à educação quando comparadas às pessoas sem deficiência. Como resultado, muitas vezes, a educação sexual dessas pessoas fica exclusivamente sob a responsabilidade da família, que nem sempre está preparada para oferecer um ensino adequado e inclusivo sobre o tema.
A falta de preparação e recursos, tanto na escola quanto no ambiente familiar, contribui para a desinformação e invisibilidade da sexualidade de pessoas com deficiência, deixando mais vulneráveis a violência.
Portanto, assim como as meninas sem deficiência, as meninas com deficiência devem ter o direito a educação sexual de qualidade, capaz de poder ajudar na construção de habilidades para a autoproteção, ensinar sobre consentimento, identificar sinais de abuso e, principalmente, oferecer um espaço de diálogo, no qual elas possam tirar dúvidas sem medo de julgamento.
Sendo fundamental o papel de profissionais da educação e saúde capacitados para tratar do tema de maneira respeitosa, sensível e personalizada, considerando as deficiências físicas, intelectuais ou sensoriais de cada menina.
Conclui-se que ao promover uma educação sexual adequada, quebramos barreiras e proporcionamos que meninas com deficiência desenvolvam um maior senso de autoestima e autonomia. Elas devem ter o direito de viver suas vidas sexuais de forma plena e saudável, com acesso a informações claras e precisas que favoreçam sua segurança, bem-estar e integração social.
Por.: Fatima Munhoz
Psicóloga

Apoio: Grupo Uma Passarinha me Contou... Mulheres que Voam Alto!
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